Vovô NBA

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Publicado em: 16/03/2014

Se você acredita que este senhor estampando a capa desta publicação é um torcedor fanático da NBA, errou. Se você acha que este simpático velhinho cheio de rugas é algum ex-treinador ou ex-general manager de alguma franquia da NBA, está redondamente enganado.

Na realidade, o vovô da imagem acima é Harvey Pollack, o responsável por rabiscar o número 100 em uma das fotografias mais famosas da história do basquete: a de Wilt Chamberlain segurando um pedaço de papel mostrando a sua espantosa pontuação em uma partida em 1962 pelo então Philadelphia Warriors. Atualmente, Pollack é o diretor de dados estatísticos do Philadelphia 76ers, um título insignificante para o historiador não-oficial ao longo da existência da NBA. Resumindo, ele é um homem de relações públicas e um especialista em números no basquete.

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Quem foi o idealizador do número “100” da famosa foto tirada de Wilt Chamberlain após a vitória sobre os Knicks em 1962? Basta perguntar a Harvey Pollack.

Mas calcular números dificilmente é o único legado de Pollack em uma carreira de aproximadamente 7 décadas no basquete. Ele foi o primeiro a contabilizar tocos, rebotes, minutos e enterradas dos jogadores. O termo “triple-double” para um jogador que marca 10 ou mais dígitos em 3 categorias estatísticas, Pollack também foi um dos primeiros a contar. Atualmente, ele calcula até mesmo quais jogadores da NBA ostentam tatuagens.

Vigoroso aos 92 anos de idade – a qual ele completou no último dia 9 de março – ele continua sendo uma figura vista à beira da quadra na Philadelphia, mantendo escrupulosamente as estatísticas de cada partida sem nenhuma ajuda de óculos. Pollack, na verdade, antecede a NBA, fazendo parte dos Warriors na BAA (Basketball Association of America) em 1946.

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Figurinha carimbada na lateral da quadra de cada partida dos 76ers realizada na Philadelphia, Harvey Pollack é a ‘enciclopédia’ viva da NBA.

“A palavra ‘lenda’ não descreve adequadamente Harvey,” diz o comissário da NBA Adam Silver. “Ele é realmente o coração e a alma dos 76ers, uma enciclopédia ambulante da história da NBA e um testamento familiar desta liga.”

Nem mesmo tendo ficado órfão do baquete na Philadelphia durante a temporada de 1962/1963 – os Warriors se mudaram para San Francisco e os 76ers ainda não tinham chegado vindos de Syracuse – pode interromper os 68 anos de trabalho de Pollack no basquete profissional. Naquela temporada, ele lidou com relações públicas para as rodadas duplas da NBA. Ele também possui uma mania bem peculiar: nunca usa a mesma camiseta por 2 vezes. Com orgulho, diz que os representantes do Guinness, o livro dos recordes, afirmam que ele assegurará o recorde – na verdade ninguém fez isto antes de Pollack – assim que a seqüência realmente acabar.

Nativo da Philadelphia, ele viveu ao lado da sua esposa por 58 anos, tem 4 irmãos, passou por 3 arenas de basquete e escreveu em muitos jornais. Pode ser encontrado diariamente em seu escritório na sede dos 76ers e trabalha em todos os jogos em casa, com o hábito de cumprimentar os árbitros e os treinadores e jogadores adversários. Nas noites onde não acontece nenhuma partida, frequenta sessões de cinema e apresentações teatrais além de visitar restaurantes onde escreve para uma coluna social que ele já detém há décadas. Uma executiva dos 76ers, diz que Pollack vai à quase todos os shows – muito deles de rock – no Wells Fargo Center, a arena da equipe. Quando os ingressos não estão mais disponíveis, ele pede insistentemente ao proprietário da arena por eles.

Pollack adora esportes desde criança, mas o basquete é o seu predileto desde que frequentou o último ano na universidade de Temple, quando atuou como gerente da equipe e começou a registrar as estatísticas para o treinador que ele tinha pensado em não mante-lo. “Me chamam de ‘O Último dos Moicanos’, porque sou o único que restou da liga desde que a NBA começou”, diz com espontaneidade. “Não há nenhum clone de mim por aí, então sou exclusivo.”

“Quando você menciona a palavra ‘dinossauro’, você tem que colocar uma foto dele ao lado”, diz o ex-astro dos 76ers, Julius Erving. “Ele se recusa a desistir.”  O ex-companheiro de Erving, Bobby Jones alerta, “muitos dizem que os atletas são aberrações da natureza, mas ele também é.” Larry Brown, ex-treinador dos Sixers, que entrou para o Hall da Fama em 2002 com Pollack, afirma que discutir a história da NBA com Pollack é “como ir à escola.” “Ele é uma jóia rara…uma exclusividade. ”

Querem saber quem grava os dados estatísticos para a posteridade? Seu filho de 67 anos, Ron, que trabalha com o pai desde 1962. Na noite do extraordinário jogo de 100 pontos de Chamberlain, foi Ron quem transmitiu as informações às agências de notícias. O filho de Ron de 40 anos de idade, Brian, trabalha quase todas as partidas com eles chamando os ‘turnovers’ e as substituições. Nem mesmo o filho mais velho de Pollack consegue monitorar tudo.

Mas a função de Pollack se estende além da quadra de basquete. A metáfora “enciclopédia” utilizada pelo atual comissário da NBA nos parágrafos anteriores é literal, uma vez que o “Anuário Estatístico da NBA de Harvey Pollack” é publicado anualmente desde 1966 – uma referência nos escritórios de toda a liga.

Mas existe uma coisa que Pollack não sabe: o destino da bola utilizada, além do icônico papel com a pontuação “100” do épico jogo de Chamberlain na vitória sobre o New York Knicks. Pollack alega: “Foi o maior erro que eu cometi na minha carreira no basquete.” E com certeza não haverá outro.

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